Crítica | Inumanos – 1ª Temporada (2017)

Inumanos- A série, desde seu anuncio causou comoção entre os fãs, que sentiram descaso da Marvel por ter retirado do calendário de filmes. Foi feito uma promessa de que a série seria da mais alta qualidade, e que de certa forma impressionaria pelo investimento e parceria com a empresa IMAX. A série ganhou trailer, imagens e tudo foi indo ladeira abaixo. As críticas negativas foi chovendo aos montes, e os fãs cada vez mais desanimados.

Scott Buck, merece o ”haterismo” que vem recebendo, desde a série Punho de Ferro. Os problemas do roteiro nada inspirado, resultam ainda em um enorme desequilíbrio no tom da série. O governo do Raio Negro é baseado no que conhecemos em meritocracia, só que aqui, é baseado nos poderes adquiridos após a Terrigênese, e não no esforço.

A série acrescentou autoridades maiores que o rei e a rainha (nos quadrinhos, Raio Negro está acima de todos Inumanos), que não podem os desafiar sem criar um autoritarismo ou ditadura. Raio Negro e Medusa nunca ousaram desafiar os outros líderes ou sequer tinham o plano de sair de Attilan sem os recursos completos, mas no roteiro alguns momentos era  visível que Raio Negro procurava dar abrigo para os Inumanos terráqueos e possivelmente expandir seu território. Maximus se mostrou apenas um revoltadinho que não queria mais esperar e quis fazer uma ‘’revolução’’, mas que só seguiu em círculos durante os 8 episódios.

Um dos problemas da série, é que nada justifica a forma como as castas são escolhidas: poderes úteis ficam vivendo uma vida agradável, e os inumanos com poderes considerados inúteis vão para as minas ter uma vida miserável, praticamente uma ditadura. Outra coisa que preferiram modificar, foi a troca desses dos Alfa Primitivos por esses Inumanos ”inúteis”, nos quadrinhos os Alfas Primitivos que trabalham nas minas e não os cidadãos inumanos, eles  são uma raça de trabalhadores sub-humanos, desenvolvidos e utilizados pelos Inumanos sem consciência, e que deram as caras em Agents of Shield no final de sua terceira temporada, se tivessem elaborado melhor o roteiro poderiam ter feito esta conexão. Ao invés de vilanizar a Família Real (um erro fatal), poderiam  dividir entre trabalhadores e os beneficiados de forma honesta.

Acrescentaram ainda mais essa problemática ao utilizar da narrativa de humanizar os Inumanos, e ainda de forma maniqueísta, arrumando desculpas para simplesmente ninguém poder utilizar seus poderes, algo crucial para quem gosta dos personagens e de séries de super humanos, acabou sendo um belo tiro no pé.

Os personagens não foram bem construídos e tiveram um arco crescente, um bom desenvolvimento,no qual poderia nos fazer conectar com eles. Medusa foi a unica que sofreu alguma mudança quase significativa, a atriz Serinda Swan se esforçou bastante, mas acabou apenas passando a imagem de interprete de Raio Negro e não a presença de uma verdadeira Rainha. A Inumana Cristal (Isabelle Cornish) ficou um total de 6 episódios, acreditem, fazendo absolutamente nada de útil e a unica coisa , minima, que ela fez foi fugir do Maximus, e de um forma que ficou parecendo infantil, a atriz é bem abaixo da média. Gorgon (Eme Ikwuakor) foi outro desperdiçado, não vimos seu potencial de Guarda da milícia Inumana, e ficou de diversas maneiras avulso na trama. Raio Negro não mostrava sua força sobre-humana , e logo nos primeiros episódios vemos ele apanhar facilmente de guardas humanos de meia idade. Medusa que até estava ok, nos dois primeiros episódios perdeu sua característica mais valiosa , seus cabelos, e ficou avulsa durante a temporada quase toda. Karnak (Ken Leung) teve um mini arco muito enrolado, apesar de as vezes interessante seus poderes nem sequer foram explorados, e Triton  (Mike Moh), coitado aparece em dois episódios (com sua maquiagem horrível), para retornar apenas no final, não faria nenhuma diferença sua presença ou não.

O Dentinho mesmo com CGI bem feito, sofreu na série, o personagem que era prometido como grande destaque e mascote da Família Real , ficou relegado a ficar no arco mais risível,o da Inumana Crystal. Maximus que demonstrava ter um certo potencial para desenvolvimento, logo no terceiro episodio em diante, se torna unidimensional e até cartunesco. Iwan Rheon até se esforça, mas com um roteiro mal construído, não tem milagre que salve. Ellen Woglom interpretou a personagem Louise, muitissimo sem graça, que foi criada para série, muito provavelmente para criar ligação entre os Inumanos e humanos. Auran (Sonya Balmores), inumana genérica que servia de capanga de Maximus, ficou mais perdida que barata tonta na trama, que só não é considerada a pior atriz da série, porque temos Eme Ikwuakor, com diversas cenas que dariam uma chuva infinita de memes.

As coregrafias de lutas são mal coreografadas, mas notável  ainda no episódio 4, e uma montagem vergonhosa com Raio Negro. Algo que já incomoda de cara são os figurinos de baixa qualidade e os espaços interiores da cidade Inumana, Attilan, não é rica culturalmente, de forma que a torne chamativa de alguma forma para o espectador. Perderam a oportunidade de beber da fonte  da fase de Jack Kirby. Explorar a arquitetura de forma que Thor: Ragnarok explorou.

Ficou a impressão que não souberam fazer a transição entre os quadrinhos para a série em si. E para nossa decepção desperdiçaram todo um potencial de narrativa. Não é uma série que possa ser recomendada, nem para se divertir um pouco, quando se quer desligar o cérebro de vez em quando. Os fãs e o publico que não conhece os Inumanos, vão querer esquecer tudo que viram.

Inumanos- 2017( Marvel’s Inhumans-EUA)

Showrunner: Scott Buck

Direção: vários

Roteiro: vários

Elenco: Anson Mount, Iwan Rheon, Serinda Swan, Eme Ikwuakor, Isabelle Cornish, Ken Leung, Sonya Balmores, Mike Moh, Nicola Peltz, Ellen Woglom, Henry Ian Cusick

Duração: 44 min, cada episódio

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