Crítica | Westworld – 3ª Temporada (2020)

Westworld retornou para sua terceira temporada, após uma longa ”pausa”. Deixando os fãs da série cheios de altas expectativas, após a fantástica segunda temporada. No qual finalizou com um grande gancho e prometendo uma revolução das máquinas. Mas será que a terceira temporada cumpriu com as expectativas? Parcialmente sim, mas deixou mais vazios a serem preenchidos do que questionamentos sendo respondidas e motivações contraditórias de personagens como a Maeve.

A terceira temporada começa exatamente onde a temporada anterior terminou. Embarcamos no mundo real, distópico, com alta tecnologia e a Delos e a nova empresa Incite estão competindo, na tentativa de sustentar e dominar a indústria de I.A. Filmado em Cingapura e Los Angeles, a mistura incrível de arquitetura e cultura mostra como os humanos se tornaram globais.

Explorados nas duas temporadas anteriores, os seres humanos na terceira temporada ainda são tão vis, e cheios de si pela confiança que a tecnologia nos trouxe. Mas claro não é para todos, mesmo em um mundo assim, existem pobres que continuam no ciclo, acordar, tentar pagar o aluguel, comer, e recomeçar o processo tudo novamente. Algo que nos leva a um novo personagem, chamado Caleb (Aaron Paul), que é nos apresentado nessa especie de loop, em um paralelo com a Dolores no começo da primeira temporada.

Caleb é um cara angustiado, com um trauma obscuro, no qual tentou terapia, mas decide interromper o tratamento até encontrar algo real que reacenda sua vida. Esse “algo real” logo passa a ser Dolores. A trama se movimenta muitos mais entre os dois personagens. Enquanto Maeve e Bernard ficam de lado, e sem grande desenvolvimento, e importância. Por mais que tenhamos lutas bem executadas aqui e ali, da Dolores vs Maeve. Foi mais pelo espetáculo do que qualquer outra coisa.

Maeve por si só, é uma personagem incrível, mas que nessa temporada foi uma das que mais sofreu um retrocesso no inicio de temporada. Seu arco com sua filha, foi muito bem desenvolvido na segunda temporada, ela estava em paz, e feliz que a menina tinha ido para o Além do Vale com os outros anfitriões. Não fez sentido sua ”busca” para retornar para sua filha novamente. Foi apenas uma desculpa de roteiro para mante-la como peça para movimentar a trama, e ser uma especie de triunfo do Serac contra Dolores, que poderia muito bem ter sido executado de outra maneira.

Em falar em Serac, apesar de haver um certo potencial sentimos que o personagem não chegou lá, foi uma breve ameaça, nada além disso. Ele é um magnata, que possui uma I.A chamada Rehoboam, uma esfera de tecnologia que enxerga as probabilidades do futuro, e cria ”narrativas” para os humanos comuns no mundo real. Os impulsos narrativos que levaram os criadores de Westworld , Jonathan Nolan e Lisa Joy, são até um caminho narrativo compreensíveis. Apesar disso não ser novidade alguma dentro do gênero de ficção científica. Mas não conseguirmos ver dentro da trama, qual a real importância do Rehoboam, ficou muito aquém do prometido.

É uma pena, porque Jonathan Nolan e Joy tentaram usar esta temporada, para trazer questionamentos interessantes: vale a pena sacrificar nosso possível livre arbítrio, para viver em uma sociedade relativamente segura?

A maior surpresa positiva desta temporada, foi a atriz Tessa Thompson, com sua versão apelida de ”Charlores”. Uma cópia da mente da Dolores, no corpo da Charlote Hale. Atriz teve bons momentos de ação, e um bom desenvolvimento, destaque para o episódio 4, The Mother of Exiles. O compositor da trilha sonora da série Ramin Djawadi, fez trilhas excelentes, especialmente para os momentos da ”Charlores”, que lembram bastante as musicas dos filmes de Blade Runner, composta por Vangelis no primeiro filme e Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch na sequencia. A inspiração é notável, a maioria delas são bem marcantes.

A terceira temporada de Westworld foi boa, mas abaixo do que foram as primeira e segunda temporada. A mudança de não focar na não linearidade, e nos aspectos filosóficos mais profundos, para ser algo mais blockbuster, um roteiro mais simples e menos pomposo, é a maior mudança dessa temporada. Algo que muitos não gostarão, mas com o final da cena pós-créditos tudo levará a mais mudanças e um embate bem comum em ficção cientificas envolvendo maquinas inteligentes. De uma coisa tenho certeza, o que vimos nas duas primeiras temporadas ficou para trás. Se a série conseguirá se manter suficientemente boa, aí é outra história, teremos que esperar e confiar em Jonathan Nolan e Lisa Joy.

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