Crítica | Cobra Kai – 1ª e 2ª temporada

Cobra Kai é uma série que serve como uma sequência direta do filme Karate Kid original, lançado em 1984. Desta vez, veremos Daniel (Ralph Macchio) como um empresário de sucesso e homem de família, enquanto Johnny (William Zabka) liderou um caminho mais complicado e decide reabrir o Cobra Kai dojo.

Cobra Kai exala nostalgia por todos os lados. Destina-se aos fãs de Karate Kid obviamente, de longa data. Aqueles que não entrarem nesse mesmo rol terão dificuldade em aproveitar a série , que funciona muito bem. Tanto para o público-alvo, que cresceu nos anos 80 que fez Karate Kid ser o que é hoje, quanto para a nova geração de espectadores, intrigados com o clássico.

Uma das grandes virtudes de Cobrea Kai, é que apesar de beber desde os anos 80 e da energia desta década, tem consciência da época em que vivemos. Assim, embora partindo de uma referência constante, os problemas e também os protagonistas, estão em situações e problemáticas atuais. Isso se estende a questões como abuso escolar, identidade cultural e etnicidade, uso de redes sociais, etc.

Ao inverter os papéis dos dois protagonistas originais (que já estão na casa dos cinquenta) assistimos a um “ajuste de contas” um com o outro, é uma grande sacada.

Cobra Kai a primeira temporada, supera não só o recente reboot com Jade Smith, mas também os filmes que se seguiram ao filme original, amadurecendo a proposta original e trazendo-a aos nossos dias.

só leia abaixo se não se importar com alguns spoilers

2ª temporada

A 2ª temporada de Cobra Kai começa onde a primeira parou. sem time skip. Com o retorno de John Kreese (Martin Kove). Avitória agridoce no torneio e os métodos com que foi alcançada pelo aluno mais experiente da escola, Miguel), assombram o novo sensei, que procura romper com o passado.

Enquanto isso, Daniel e Robby (Tanner Buchanan), filho de Lawrence, reabrem Miyagi Do Karate . O velho campeão tenta seguir os passos do falecido Lord Miyagi (Pat Morita) , sem se dar conta da guerra que vai acontecer entre os dois dojos e de que ele também está, de alguma forma, se alimentando.

Se na primeira temporada deixou claro para a gente que ninguém é totalmente bom ou mal, nós humanos vivemos em uma área mais cinza, esta segunda temporada explora outro conceito: os efeitos do antagonismo e o preço que as novas gerações pagam pela luta entre dois velhos rivais que são incapazes de deixar suas brigas no passado.

Para permitir o conflito, os desafios acabam forçados e as reviravoltas do roteiro acabam sendo distorcidas de uma forma que fica um pouco artificial. O que decai a qualidade da história, é um recurso necessário para que a ação continue e possui um melodrama que fica entre o aguado e interessante.

A história funciona e se realiza de acordo com as premissas a partir das quais se inicia e se desenvolve. No entanto, acaba sendo vítima da necessidade de prolongar o drama, caindo no clichê que vemos bastante em séries adolescente. Se gostou da temporada anterior da série, ficará muito satisfeito com esta. No geral a segunda temporada desenvolveu ainda mais os temas centrais da série e expõe uma dualidade e antagonismo com um discurso que explora as complexidades e contradições dos personagens, os deixando mais tridimensionais.