Crítica | Planeta dos Macacos: A Origem e O Confronto (2011-2014)

Muitos remakes e reboots falham na tentativa de contar novamente a história, pois apelam para infindáveis clichês, e tramas que no fundo sabemos para onde irá seguir. Planeta dos Macacos provou que com um enredo relativamente inteligente, toda essa concepção pode mudar.  Planeta dos Macacos – A Origem, o inicio do que veria ser uma trilogia, lançado em 2011 , acabou sendo um um primeiro tiro certeiro, principalmente com a presença de Franco e Lithgow.

Will Rodman (James Franco) é um cientista a ponto de descobrir uma cura para o Alzheimer através da fórmula ALZ112. Os testes são feitos em chimpanzés e os resultados estão cada vez mais promissores. Não somente apresentam melhorias nas células comprometidas de um cérebro com demência, mas potencializam funções cognitivas. A representação disso nos é mostrada em um filhote o qual acompanharemos por alguns anos, percebendo sua inteligência superior comparada a de crianças da mesma idade. A troco de quê essa fórmula está sendo estudada? Não desejando apenas arrecadar milhões com a provável cura, Will tem o motivador em casa, seu pai, o pianista Charles Rodman (John Lithgow) caminhando para um estado vegetativo.

A narrativa acerta em ir busca de uma origem que faça sentido e não só um bando de macacos falantes contra uma sociedade que os maltrata. A partir disso, ”A Origem” joga com esse paradoxo da humanidade se destruindo graças aos seus erros e sua vontade de evoluir a qualquer custo. Andy Serkis da um show no papel de César, e não foi uma surpresa pois, o mesmo tinha interpretado também através de captura de movimentos, o Gollum de O Senhor dos Anéis.

A essência humana é contida na trama, e exibida em breves momentos em que o homem tem seu espaço na tela, mostrando definitivamente que o protagonista da história não são os humanos. É com certo desprezo e falta de crença na humanidade que se constituiu essa saga. Nós somos as vítimas do que nós fazemos basicamente. Planeta dos Macacos: A Origem, aborda algo um pouco mais além, deixando claro que a história está acontecendo no futuro através da notícia sobre o homem em Marte. Este é um filme que comprova que é possível conceber um blockbuster utilizando de aparatos inteligíveis, com uma boa história para se contar.

Planeta dos Macacos- O Confronto

Passado dez anos depois da batalha na Golden Gate Bridge, em São Francisco, quando a população está praticamente devastada por um vírus e as plantas já tomaram todo mundo, a fita inicia com uma fabulosa sequência que traz o grupo de macacos comandados por César (Serkis) numa cruel caçada a cervos da floresta. Nessa investida, um terrível incidente leva Koba (Kebbell), braço direito de Cesar, a pôr sua pele em risco para salvar a vida do líder.

A rivalidade aumenta quando este autoriza Malcoml (Clarke) e alguns outros humanos a entrarem na aldeia para examinar uma hidrelétrica que, segundo estudos, iria gerar energia para toda a cidade, fazendo com que as pessoas possam se comunicar com outras áreas. Koba não suporta o conceito de se envolver, novamente, com aqueles que lhe fizeram, por anos, experiências desprezíveis, e resolve seguir caminhos diferentes.

Toda a parte gráfica, os cenários, locações, efeitos especiais, fotografia, trilha sonora e principalmente os atores que deram vida aos símios, estão mais palpáveis do que anteriormente. Se antes já era possível acreditar nas emoções transmitidas, dessa vez cria-se um vínculo emocional entre os macacos e o espectador, tornando tudo mais real.

O filme investiu na própria mitologia, apresentando um lampejo de doçura no flashback não usual quando César se encontra em sua antiga casa uma filmagem antiga dele ainda filhote com Will (Franco), o que dá mais sentido a narrativa do retorno da energia elétrica, e em rimas visuais, como o destino de Koba ser o mesmo que ele causou a um personagem no filme anterior, o que mostra que nem tudo é preto no branco. Conforme a “humanidade” vai sendo absorvida pela mente dos símios, as diferenças principais entre as espécies são contextualizadas. César entra em conflito com a própria família em prol de um ideal, e também é afetado pela forma de pensar dos humanos, , experimentando até o conceito de vingança.

Planeta dos Macacos: O Confronto faz jus ao verdadeiro protagonista dessa nova saga épica. O filme abre e fecha com o rosto de César e, mais importante, o nome de Andy Serkis encabeça os créditos, merecidamente. E o ponto que a história nos deixa abre espaço para Planeta dos Macacos-Guerra.

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes) — EUA, 2014

Direção: Matt Reeves

Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa, Amanda Silver

Elenco: Andy Serkis, Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russell, Toby Kebbell, Kodi Smith-McPhee, Kirk Acevedo, Nick Thurston, Terry Notary, Karin Konoval, Judy Greer, Jon Eyez, Enrique Murciano, Doc Shaw, Lee Ross

Duração: 130 min.

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