Stephen Hawnking , um físico teórico, afirmou que a inteligência artificial um dia, será capaz de “destruir” o mundo que conhecemos e, possivelmente, iniciar o fim da raça humana. A inteligência artificial realmente pode ser um risco claro à humanidade. A consciência é um dos enigmas da vida, incorporada as máquinas chega a ser inimaginável o impacto de tal feito. Hollywood adora brincar com isso. Não poderia ser diferente com Ex-Machina abordar este tema, porém, aqui , é retratado de forma mais verossímil o possível, sem megalomania e clichês, totalmente fora da bolha de Hollywood.
Como saber se uma máquina realmente possuí inteligência artificial que se assemelhe as capacidades humanas? É um questionamento interessante , já que nem sabemos de fato, como funciona a nossa consciência.O argumento sugerido por Alex Garland, é digno dos contos de Thomas Harris, onde os diálogos perceptíveis e agradavelmente bem construídos salientam essa cumplicidade entre as duas oposições de matéria (a nossa carne e o sintético).
A trama começa com Caleb (Domhnall Gleeson, de Questão de Tempo) é programador em uma gigante empresa de tecnologia – uma espécie de Google – que é sorteado para passar uma semana de estágio com Nathan (Oscar Isaac), o recluso CEO da companhia, em sua casa misteriosa e isolada nas montanhas. Ele não faz ideia do que fará ali, até que conhece seu empregador e descobre que será parte de um teste inédito. Caleb irá testar uma inteligência artificial desenvolvida secretamente por Nathan; um robô chamado Ava (Alicia Vikander, de O Amante da Rainha).
O objetivo de Caleb é descobrir se ele está falando com uma máquina programada para realizar respostas já estabelecidas e nadas, ou ele está diante um programa avançado que tem sua própria inteligência e consciência. E Ex-Machina trabalha em cima destas questões , de maneira sutil e, as vezes, indireta para mexer com suas percepções. E consegue!
Ex Machina tem mais contornos de thriller psicológico do que propriamente do “what if” de ficção científica. Albergado por um caprichoso trio de atores, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander e Oscar Isaac atuaram otimamente bem, contudo vi que o personagem do Oscar (Nathan Bateman) estava um pouco forçado para que a história desse certo, mas não culpo o ator por isso nem mesmo acho que isso prejudica o caminhar da historia, mas te deixa com uma pulga atrás da orelha. Porém quando pensamos em um cientista ricaço, e inventor de robôs inteligentes, não é a imagem de um barbudo atlético e de fala jovinal como o Nathan de Isaac, uma ótima sacada.
É um filme de estreia do diretor Alex Garland, que já havia cuidado de roteiros como O Extermínio, Sunshine, Não Me Abandone Jamais e Dredd, além de também ser o responsável pelo roteiro original do longa. E é admirável ver uma ficção científica tão desafiadora, e que foge dos padrões hollywoodianos como este longa faz. O filme não subestima a inteligência do publico o que é algo louvável nos dias de hoje, trazendo ótimos diálogos e personagens distintos.
A atuação de Alicia Vikander é visceral à medida que confere profundidade em sua personagem androide. Ela tem um semblante inexpressível, mas ao mesmo tempo um tom de voz que te deixa em dúvida se ela tem sentimentos ou não. Poucas vezes no cinema, se viu um androide tão bem feito. Um ponte muito forte para o filme. A trilha sonora, de Geoff Barrow e Ben Salisbury, compõe a narrativa e colabora para intensificar toda a tensão contida na angustiante reviravolta na trama. Tudo no filme parece estar em seu devido lugar, pois cada elemento funciona para criar um ambiente claustrofóbico, ainda que visualmente belo: os cenários são limpos e retos. O CGI criado pela empresa Double Negative, ficou estupendo, bastante realista, e impressiona pelo fato do filme ter um orçamento de 15 milhões de dólares.
Ex Machina é bom nome acrescentado para a biblioteca de ficção científica e, ao mesmo tempo, uma espécie de drama com críticas modernas sem repetir a velha formula já conhecido há tantos anos.
Ex Machina: Instinto Artificial – 2015( Ex- Machina-EUA)
Direção: Alex Garland
Roteiro: Alex Garland
Elenco: Domhnall Gleeson, Alicia Vikander, Oscar Isaac, Sonoya Mizuno
Duração: 118min
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