Crítica | 3096 Dias de Cativeiro (2013)

3096 Dias de Cativeiro é um drama autobiográfico. O filme foi escrito pela própria Natascha Kampusch. No qual é uma adaptação do livro dela do mesmo nome. É um filme instigante, perturbador, que vai prender a sua atenção.

Apesar de produzido inteiramente em inglês e com atores não necessariamente austríacos, a trama se passa em um distrito pertencente à Viena, capital da Áustria. Logo no início, é possível conhecer um pouco da infância de Natascha (Antonia Campbell-Hughes). A menina, filha de pais separados, se dava muito bem com o pai. Todavia, era alvo de comentários desconfortáveis vindos de sua mãe por estar acima do peso, ainda que tão nova.  Natascha foi raptada aos dez anos de idade e mantida em cativeiro entre os anos de 1998 e 2006 passando por um período de isolamento completo do mundo exterior, onde sofreu abusos físicos e psicológicos.

No meio do caminho, a criança foi capturada por um homem desconhecido e jogada dentro de uma van branca. Mal sabia Natascha que esse homem, a quem mais tarde viria a chamar de Wolfgang (Thure Lindhardt), seria, por 3096 dias, o seu pior pesadelo. Sem janelas, sem cama, privada de condições básicas de higiene e alimentação, Natascha passou o resto de sua infância e o início de sua adolescência sem saber o que é a luz do sol. Nas bem conduzidas cenas do porão, podemos assistir a criança bem nutrida se tornar uma adolescente esquálida e sem vida.  O modo em que o drama é dirigido, inclusive com relação à posição das câmeras, nos faz sofrer a solidão e as agonias da personagem.

O homem chegou a instalar uma espécie de interfone para se comunicar com Natascha no porão sem precisar de descer até lá, entretanto, utilizava-o para poder dizer repetidamente, várias vezes por dia, a mensagem que acabara por perpetuar e ecoar na cabeça da jovem: “obedeça-me”. Wolfgang tinha problemas com sua sexualidade: raspava a cabeça da garota e a obrigava a utilizar cuecas e andar sem blusa, como que um garoto. Apenas quando ouviu de sua mãe que na família havia dúvidas de que ele fosse gay, começou a abusar sexualmente de Natascha, como que uma maneira de justificar-se a si mesmo.

O filme é editado quase de forma documental. Ao indicar os dias passando, é possível a evolução de Wolfgang na obsessão pela jovem e também o progresso de Natascha, que aprende a passar os dias no cativeiro e a jogar o jogo do sequestrador, conseguindo coisas vitais: como um relógio para não enlouquecer com a passagem do tempo e o direito de comer todos os dias.

O silêncio incômodo , é característica de falta de trilha sonora, uma jogada interessante para que o espectador mergulhe ainda mais na situação, se sentindo quase como a Natascha , querendo que aquela terrível situação acabe. Além de prender a atenção, o filme não o deixará confortável durante os 111 minutos de duração.  Mas com certeza vale a pena assistir, está disponível na Netflix.

3096 Dias de Cativeiro -2013 (3096 Tage- Áustria)

Direção: Sherry Hormann

Elenco: Antonia Campbell-Hughes, Thure Lindhardt, Amelia Pidgeon, Trine Dyrholm e Dearbhla Mollo

Duração: 111 min

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