Crítica | Doctor Who – 12ª temporada (2020)

Desde o seu reinício em 2005, Doctor Who cresceu aos trancos e barrancos, atingindo um novo público e alterando o tom e as idéias várias vezes, graças a seus roteiristas anteriores, Russell T. Davies e Stephen Moffat, adicionando seu próprio toque especial. Não vemos tanto com Chris Chibnall, que nessa temporada tentou emular mais a era do T. Davies do que trazer algo com criatividade.

Ao mesmo tempo, esta temporada também destaca algumas falhas graves com continuidade, narrativa e longevidade, chegando a mudar retroativamente todo o conhecimento subjacente da série, para melhor ou para pior. O episódio Orfan 55 abriu as portas das realidade alternativas sem mais nem menos, algo que vinha sido falado que por consequência da Guerra do Tempo haviam fechado, e agora Rose e o Meta-Crise não estão mais presos, a qualquer momento podem ser trazidos de volta também, unica coisa boa, pois o episódio é um dos piores da série.

Doctor Who tenta fazer malabarismos com os três companions de maneira desajeitada, com Graham sem dúvida o melhor do grupo, mas deu uma mão ruim graças a alguns textos frágeis para a Doutora. Em um episódio, Graham tenta se abrir para a Doutora sobre seus medos, devido a um câncer que teve no passado, apenas para vê-la desajeitadamente afastar suas preocupações porque “ela não é boa com essas coisas emocionais”. Outra contradição da temporada passada no qual vimos a Doutora aliviada e mais mudara por tudo que passou com seus quase 3 mil anos de idade, fora que ela sempre chama eles de sua “fam”(abreviação de família).

Graham é rapidamente usado como alívio cômico, enquanto seu neto Ryan não tem carisma ou charme para transmitir em suas cenas. Yaz também não se sobre sai tanto, com sua personalidade ficando entre dominar e comandar as pessoas ao redor e agindo como a companheira forte e inteligente, tem uma abertura para um desenvolvimento maior. Porém fica só na possibilidade mesmo.

Tivemos uma volta maravilhosa a do Capitão Jack a melhor coisa da temporada mesmo que curta, mas deixou em aberto que poderemos ver ele no episódio especial de final de ano, ou na próxima temporada. Tivemos os Judoon no episódio 5, “Fugitive of the Judoon”, de longe o melhor da temporada, que ao meu ver seria o episódio ideal para finalizar a temporada. Teria um gosto menos duvidoso e amargo que foi a season finale.

No geral tivemos mais episódios esquecíveis do que memoráveis, essa deveria ser a temporada que Chibnall nos deveria trazer o ápice da Doutora, algo que vimos com os outros Doutores. Mas foi optado por um retcon baseado em episódio da série clássica, ”The Brain of Morbius”. O Mestre nem deveria ser trazido tão cedo, o ator Sasha Dhawan, até tentou fazer um ótimo trabalho. Ele é um bom ator, mas foi mal dirigido e devem ter optado por um Mestre que mescla o Coringa e Decimo primeiro Doutor sádico. Uma mistura bem estranha, e que não brilhou apenas está ali, apenas por estar.

A 12ª temporada é um grande ponto de virada para a série. É uma temporada que muda tudo o que sabemos sobre Doctor Who e o faz de maneira tão inacreditável e difícil que é difícil saber por onde começar. E para onde que Chibnal pretende nos levar.

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