Sustento da vida em planetas rochosos depende da idade, afirma estudo

Uma nova pesquisa afirma que os planetas rochosos podem sustentar a vida, desde que eles estejam na “idade” correta. A conclusão é atribuída a uma reação química simples – especificamente, ciclos alternantes de carbonato-silicato -, que oferece estabilidade ambiental para que a vida bacteriana não apenas apareça, mas possa evoluir.

O estudo, intitulado “Carbon cycling and habitability of massive Earth-like exoplanets” (na tradução: “Ciclos de carbono e a habitabilidade de exoplanetas massivos similares à Terra”), foi conduzido por Amanda Kruijver, Dennis Höning, and Wim van Westrenen, três cientistas planetários da Vrije Universiteit Amsterdam. O paper foi publicado no Planetary Science Journal.

Cientistas também consideram a presença e o movimento de placas tectônicas (partes importantes na ocorrência de terremotos) como um dos possíveis gatilhos para a vida, por promoverem a chamada “terraformação”, ou seja, a alteração da atmosfera, composição de superfície e configuração planetária para se atingir um equilíbrio.

“Em nosso sistema solar, somente a Terra tem as placas tectônicas e, consequentemente, o efeito de subducção”, disse Höning. “Ainda não sabemos a razão por trás desse fato, embora já existam estudos neste campo — há teorias que indicam que isso é relativo à composição rochosa, tamanho do planeta, temperatura na superfície ou mesmo a existência de água líquida nessa superfície”.

O acadêmico ainda continua, explicando que, se a reação química descrita acima existisse sem o processo de subducção das placas tectônicas, os carbonatos produzidos ficariam acumulados na superfície, deixando a reação instável depois de milhões de anos.

“Nós exploramos esse cenário em estudos anteriores e descobrimos que o clima ainda seria regulado até certo ponto, mas em um grau bem menor do que o que ocorreria com as placas tectônicas, como teoriza o estudo atual”.

Com base nisso, os especialistas criaram modelos que consideram todos os elementos da reação da Terra, alterando parâmetros para simulá-la em planetas rochosos parecidos com o nosso e também nas Super Terras, com idade variada. O que eles descobriram foi que, dependendo do aumento de massa, a temperatura média da superfície seria maior, o que por sua vez alteraria a zona habitável que circunda um planeta (a chamada “zona dos cachinhos dourados” – basicamente, a área ao redor de uma estrela com boa chance de sustento à vida).

“Por exemplo, a pressão dentro de planetas massivos aumenta com mais força à medida em que você vai mais fundo, já que a gravidade é maior e seu efeito dura por mais tempo”, disse o Dr. Höning. “A pressão tem um efeito na profundidade onde o derretimento [da rocha carbonática] começa, além da força de convecção do manto, o que determina a velocidade de resfriamento. Então nós atualizamos todos os modelos que pudessem ser sensíveis à massa de um planeta e, assim, exploramos a influência desses parâmetros na habitabilidade de um exoplaneta”.

Em termos mais simples: planetas rochosos com configuração e idade similares à nossa, porém muito maiores, seriam habitáveis se estivessem a uma distância maior de suas estrelas se comparado à nossa distância do Sol. Eles teriam que estar mais longe do que nós.

Entretanto, os mesmos resultados não foram observados em planetas 10 vezes maiores (ou mais) que a Terra. Isso porque, segundo Hönnig, a pressão desses planetas é tanta que a expulsão de CO2 pelos seus vulcões se torna menor com o tempo:

“entretanto, uma vez que o calor do interior não é dissipado de forma eficiente, a expulsão de CO2 se torna mais poderosa em estágios mais avançados da evolução. Infelizmente, nesse mesmo ponto, a luminosidade estelar também terá aumentado, então o planeta se tornaria quente demais para que a água líquida sobrevivesse”.

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