Crítica | Batem à Porta (2023)

O novo filme de terror de Batem à Porta de M. Night Shyamalan baseado no romance “A Cabana do Fim do Mundo” de Paul Tremblay. E com outros dois roteiristas: Steve Desmond e Michael Sherman, já chegou aos cinemas.

Mesmo que você tenha lido o romance, o filme vai te surpreende-lo porque, embora adapte a maior parte dos eventos narrados de maneira razoavelmente fiel, a partir de certo ponto, quando se aproxima do final, começa a divergir notavelmente do original.

O filme nos apresenta Wen, uma garota que se diverte pegando gafanhotos, que ela observa com verdadeiro interesse científico enquanto desfruta de férias relaxantes com seus pais adotivos: Eric e Andrew. Perto dali, aparece um homem enorme que se apresenta à garota como Leonard. Ele explica a ela que sente muito pelo que foi fazer lá e que deve avisar seus pais para que prestem atenção nele. A menina foge apavorada para se refugiar dentro da cabana, principalmente ao ver que outros três indivíduos armados vêm em sua direção.

Eric e Andrew tentam protegê-la, mas a vontade dos quatro assaltantes de invadir a cabana é inabalável. O que parece uma violenta invasão de domicílio logo se transforma em algo mais: o prelúdio do desencadeamento do apocalipse, algo que parece que só aquela família pode impedir fazendo um sacrifício impossível.

O enredo Batem à Porta nos remete a um dos mais básicos dilemas éticos : você sacrificaria um indivíduo em troca de salvar o resto do mundo?

Nesse sentido, como ponto de partida, a trama é bem simples mas nem por isso menos perturbadora. De fato, quem não teve acesso ao romance antes de ir ao cinema ficará cada vez mais surpreso com o desenrolar dos acontecimentos que farão os protagonistas duvidarem de seu sistema de crenças e ideias pré-concebidas.

E a isto nos junta o elemento diferenciador do filme (e muito mais emocionante do que no livro): o desenvolvimento através de flashbacks da relação entre os protagonistas e o seu amor incondicional pela filha adotiva. O trabalho de Ben Aldridge e da pequena Kristen Cui ganha força especial, enquanto outros membros do elenco são percebidos como um tanto mais fracos, como Abby Quinn e Rupert Grint, além de Dave Bautista que é percebido como muito ameaçador. desde o início, tornando impossível duvidar de sua hostilidade.

Este é um dos melhores filmes de Shyamalan? Provavelmente não: mas é um grande acerto desde Fragmentado. Além de desenvolvê-lo à sua maneira, fazendo com que tenhamos mais empatia com os protagonistas do que o livro. São muito mais eficientes, mas o que está claro é que ele flui melhor em pequenas produções e com orçamentos modestos do que quando tem muitos recursos à sua disposição. Focar nos personagens e em seus relacionamentos é um trunfo vencedor e, no final das contas, consegue ser muito emocionante.

Ao longo do caminho deixa o espectador de fora da reflexão que o romance levantou, o que nos deixou pensando se o que aconteceu foi o prelúdio de um verdadeiro apocalipse ou simplesmente algo em que o díspar grupo de invasores acreditava.

Nesse sentido, o final é muito fechado e deixa de fora o espectador que não conseguirá interpretar o que viu se não for de uma forma específica. Existe até um flash-forward para que não haja um único brecha deixada para dúvida. O filme consegue fazer-nos sentir pessoalmente envolvidos naquilo que os conta mas teria beneficiado por nos deixar a pensar.

A história de “A Cabana do Fim do Mundo” combina maravilhosamente com Shyamalan: combina totalmente com ele. Além de desenvolvê-lo à sua maneira, fazendo com que tenhamos mais empatia com os protagonistas do que o romance

 

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