Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 3 (2023)

Guardiões da Galáxia Vol. 3 dirigido por James Gunn e estrelado por Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista e Karen Gillan. Chega e o faz em um momento que só podemos descrever como delicado diante da óbvia fartura do público com filmes de super-heróis: o UCM já parece completamente espremido e Guardiões da Galáxia Vol. 3 marca o fim de um ciclo, que acelera e acentua o tom de despedida.

O frescor as boas vibrações, as piscadelas dos anos oitenta e o humor absurdo mas terno desapareceram neste terceiro capítulo, de longe o mais fraco da trilogia, que opta por uma história pesada, muito barulho e uma comédia absurda que quase nunca funciona como pretendido.

Desta vez, o grande protagonista não é Peter Quill, mas o foco recai sobre Rocket Raccon, que recebe uma história de origem que poderíamos conectar com a da própria Nebulosa ou, saltando para o universo dos X-Men, a de Wolverine. O argumento não é particularmente original e a forma de desenvolvê-lo também não.

Existe, sim, uma mensagem poderosa para a diversidade e para a aceitação de todas as criaturas do universo como elas são , mas a forma de abordá-la é muito dramática e um tanto repetitiva. Poderíamos considerá-lo o leitmotiv da proposta porque o encontramos em todas as subtramas: a forma de pensar de Drax, a relação de Mantis com outros seres vivos, a frieza de Nebula, claro, todo o passado de Rocket.

O charme desta saga é a de parodiar os excessos épicos das fitas sérias porque estas não costumam ser sérias, mas aqui cai na sua própria armadilha e acaba caindo no clichê… várias vezes. Mas o maior pecado de Guardiões da Galáxia Vol. 3 não está no que faz de uma forma que podemos gostar mais ou menos, mas no que não conseguiu fazer. Ter dois intérpretes da estatura de Elisabeth Debicki e Will Poulter e desperdiçá-los dessa maneira é o tribunal do dever. Não apenas por sua baixa presença na tela, mas também pela pouca substância de seus personagens.

Se ficarmos pelo lado positivo, é incrível que seres criados por computador às vezes até produzam mais empatia do que os de carne e osso. A culpa é de algumas capturas de movimento e alguns efeitos digitais que, embora possam ser avassaladores e ficarem no limite do tolerável, cumprem o seu papel.

Guardiões da Galáxia Vol. 3 marca o fim de muitas coisas (também o começo de outras), com luzes e sombras. É a terceira trilogia UCM que teve o mesmo diretor depois do Homem-Aranha de Jon Watts e do Homem-Formiga de Peyton Reed.

Agora, teria valido a pena evitar distrações e ir ao cerne da história concentrando mais esforços no grupo principal. Se sobra alguma coisa dessa produção, são milhões de dólares desperdiçados. O volume 3 de Guardiões da Galáxia é puro James Gunn desencadeado: ou você entra em seu universo peculiar ou gera uma rejeição quase imediata. Seja como for, encerra a trilogia e tem sabor de despedida.

 

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