Crítica | Entrevista com o Demônio

Entrevista com o Demônio tem uma proposta original de gênero que serve por um lado para criar uma história diferente e por outro para homenagear as histórias de terror que qualquer fã gosta. É um compêndio curioso.

Jack Delroy é o eterno candidato a coroar a audiência televisiva com o seu programa Night Owls, mas a sorte não está do seu lado e, apesar da sua tendência final para o escândalo, os números estão a diminuir. Quando sua esposa adoece com câncer de pulmão terminal, sua inspiração desaparece, mas ele ainda consegue reavivar o interesse pelo programa, trazendo-a para uma entrevista antes de sua morte.

Derrotado pela frustração, ele decide criar um  especial de Halloween do Night Owls no qual confronta casos supostamente incompreensíveis com a visão de um ex-bruxo cético que acredita que tudo o que o programa mostra é uma brincadeira grosseira.

Existem vários aspectos que se posicionam a favor de Entrevista com o Demônio. Por um lado, a sua vontade de sair dos trilhos do previsível: nunca se sabe o que vai acontecer no minuto seguinte e o fator surpresa é essencial para manter o interesse do espectador . Principalmente quando tudo sai do controle no terço final.

Utiliza o recurso clássico do “found footage”, herdeiro do literário “found summary”, ou seja, após um breve preâmbulo em tom de reportagem televisiva sobre o protagonista, diz-se que as imagens serão mostradas exatamente como foram foram transmitidos no ano 77.

Por outro lado, a estrutura narrativa leva-nos a jogar num duplo nível: temos a emissão tal como está e as imagens de como foi feita nas quais vemos as decisões e conversas entre os intervalos publicitários (estes a preto e branco) , que proporcionam mais suspense e o impacto do futuro do programa nos integrantes da equipe.

Em termos gerais, Entrevista com o Demônio faz o que muitas produções de terror atuais não fazem: arrisca com uma história diferente, nova e bem contada que também serve como uma clara homenagem ao que qualquer amante do terror curte numa sala de cinema. A natureza “episódica” do programa que serve de fio condutor da trama permite que diferentes temas de terror sejam explorados.

De resto, David Dastmalchian é a contratação ideal como protagonista visto que tem um ponto de vulnerabilidade muito credível mas também a capacidade de mostrar intenções muito obscuras. A jovem atriz Ingrid Torelli também se destaca com uma presença fascinante e uma atuação fabulosa.

Resumindo, Entrevista com o Demônio é um filme refrescante, diferente e uma das melhores propostas do gênero até agora neste ano.

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