Crítica | Homem-Aranha: De Volta Ao Lar (Com spoilers)

Os filmes do famoso amigo da vizinhança da Marvel feitos por Sam Raimi foram um dos responsáveis pelo começo da grande onda de filmes de super-heróis que está mais forte do que nunca, nos tempos atuais. Depois do fim da trilogia de Raimi com Homem-Aranha 3, veio, um ano mais tarde, o primeiro filme do Universo Cinematográfico da Marvel que foi Homem de Ferro. Desde a criação desse universo, se perguntava quando o cabeça de teia ia adentrá-lo já que os direitos do personagem ainda estavam com a Sony.  O personagem teve um reboot em 2012 e uma sequência do mesmo em 2014, mas a pergunta ainda pairava. Foi, após muitos rumores, que em “Capitão América: Guerra Civilo Homem-Aranha voltou para a Marvel com o ator Tom Holland no papel. Sua estreia foi recebida calorosamente o que aumentou a expectativa do seu filme solo que finalmente chegou aos cinemas. E realmente, o aracnídeo está de volta ao seu lar.

Neste filme, Peter Parker, após os eventos de Guerra Civil, está completamente feliz com o uniforme dado por Tony Stark e deseja continuar a sua promissora carreira de super-herói como o Homem-Aranha ao mesmo tempo em que ele tem que lidar com os seus próprios problemas do colégio e em casa. A rivalidade que ele tem com Flash Thompson, a paixão que ele sente por Liz Allen, a preocupação com o bem-estar de sua Tia May com tantos perigos nas ruas, ao mesmo tempo em que ele esconde o seu alter-ego como Homem-Aranha dela, e o desenrolar da sua amizade com Ned Lands que descobriu que ele é o Homem-Aranha.

O longa começa com um prólogo após os eventos do primeiro Os Vingadores onde acompanhamos Adrian Toomes que faz parte da limpeza da cidade depois da destruição causada pela Batalha de Nova York. Porém a sua operação é parada oficialmente pelo Controle de Danos que vai assumir a partir deste momento. Toomes tenta contra argumentar, porém não dá em resultado algum. Para continuar ganhando dinheiro para sustentar a sua família e fazer com que todos os seus amigos de trabalho continuassem a ganhar dinheiro, Adrian vira um criminoso ganhando dinheiro com armas com tecnologia Chitauri.

Desde o começo do filme já percebemos as motivações do vilão que é um dos melhores antagonistas do filmes da Marvel. Grande parte disso vem da espetacular atuação de Michael Keaton que oferece intimidação a cada cena. Seu vilão não deseja a dominação mundial, mas só a continuidade dos seus negócios criminosos. O exemplo perfeito é a sensacional cena em que ele está com Peter em seu carro e descobre que era o garoto que estava atrapalhando os seus planos. A cena é muito bem pontuada por Michael Giacchino e tanto Keaton quanto Tom Holland estão espetaculares. O vilão também ganhou um tema próprio muito bom que toca sempre quando ele aparece em tela. Abutre se tornou um dos melhores vilões da Marvel, se juntando ao Ego de Guardiões da Galáxia Vol.2. O problema da mocinha não ser afetada tem a melhor justificativa aqui, Liz Allen não pode ser afetada pelo Abutre. Porém dessa vez  a mocinha  é a filha do vilão.

Tom Holland conseguiu fazer um trabalho melhor do que o feito em Capitão América: Guerra Civil, entregando um dos personagens mais relacionáveis do Universo Cinematográfico da Marvel. Ele é um adolescente inteligente, muito ansioso, que quer ser o herói dentro da máscara o tempo todo. Holland é bastante carismático e também consegue lidar com as cenas mais dramáticas, comprovando mais ainda a excelente escolha que fizeram. Ele é um excelente Homem-Aranha e um excelente Peter Parker. O filme caseiro feito por ele durante os eventos no terceiro filme do Capitão América mostra todo o entusiasmo que o personagem tem e já nos deixa animados para vê-lo em Guerra Infinita.

Esse é um dos filmes do Homem-Aranha que mais possui uma maior pegada quanto à vida colegial do personagem, se não for o que tem mais. É muito engraçado ver as suas obrigações em ser um super-herói confrontadas com as suas atividades colegiais, como o seu teste de Espanhol. Conhecemos cada vez mais a vida do personagem e, como consequência, nos relacionando cada vez mais com ele. Sua interação com os seus colegas de escola são outro acerto do filme, sendo algo muito bom de ver.

Jacob Batalon que interpreta o melhor amigo de Peter, Ned, é o ator mais engraçado de todo o filme. O ator tem um ótimo timing cômico e está impagável e, algumas cenas (como na cena onde ele é pego pela funcionária da escola nos computadores, onde ele ajudava o Homem-Aranha, no meio do baile). Zendaya tem uma forte personalidade que é diferente das dos demais personagens, fazendo-a ter destaque em alguns momentos. A polêmica sobre ela ser a Mary Jane parece que ainda não foi totalmente abafada, já que no fim do filme a sua personagem diz que os seus amigos a chamam de MJ. Creio eu que essa frase foi apenas para fazer alguma piada com a polêmica, mas só saberemos mais sobre isso em breve. Laura Harrier não se destaca muito em comparação ao resto dos personagens, mas ela faz parte da maior surpresa do filme que é quando descobrimos que ela filha de ninguém menos que o Adrian Toomes.

Robert Downey Jr. tem uma participação pontual e é sempre bom ver o ator em tela, assim como o seu assistente Happy que não aparecia no MCU há muito tempo. Marisa Tomei tem pouco tempo de cena, mas se revela uma promissora figura promissora nos próximos filmes, o próprio final do longa já indica isso (isso mais as piadas sobre a sua aparência).

O evento máximo que força Peter a aceitar sua identidade é quando Stark retira o uniforme que fez para o menino. A conclusão desse ”ser ou não ser”, que guia Peter acontece no único momento que o personagem passa por perigo real. Após ficar preso no entulho causado pela destruição do covil do Abutre, Peter teme morrer esmagado. A situação toda espelha a clássica HQ E Se esse for o Meu Destino.

As cenas de ação do filme não acrescentam em muito a obra, com nenhuma cena sendo muito marcante somada com a falta de experiência do diretor Jon Watts nesse quesito, porém o CGI do filme não compromete em nada sendo muito bom durante toda a projeção.  O filme é muito engraçado em vários momentos fazendo com que a experiência de ver Homem-Aranha: De Volta Ao Lar seja uma diversão do começo ao fim, com destaque nas cenas onde ele interage com o seu novo traje ou quando o espectador finalmente descobre como o herói age quando não há prédios para se balançar com a teia.

Caso você esteja preocupado se o filme é melhor ou pior que os filmes feitos por Sam Raimi, pode deixar essa preocupação de lado já que nem o próprio longa se preocupa com isso. Homem-Aranha: De Volta Ao Lar mostrou o quão bom é ver o Cabeça de Teia no MCU nos brindando com um filme engraçado, emocionante e um dos filmes mais contidos do Universo Cinematográfico da Marvel, que já faz com o espectador abra um grande sorriso no rosto desde a intro do MCU ao som do tema clássico da série animada do herói.

Obs.: Fique até o final dos créditos. O filme contêm duas cenas (uma no meio deles e outra no fim) sendo a segunda uma das coisas mais engraçadas e ”frustrantes” que a Marvel já fez em anos.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar- 2017(Spider-Man Homecoming-EUA), Duração: 133 min

Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris McKenna e Erik Sommers

Direção: Jon Watts

Elenco: Tom Holland, Robert Downey Jr., Michael Keaton, Marisa Tomei, Laura Harrier, Zendaya, Tony Revolori, Jacob Batalon

Comments are closed.