Recomendação | Terra Tranquila, ficção científica de 1985!

Existem aqueles momentos em que queremos ficar absolutamente sozinhos, recolhidos e encolhidos na própria mente, sem ouvir sequer um pio de pássaros no quintal. É saudável reservar um tempo para nós mesmos, ouvir os próprios pensamentos e refletir sem segundas ou terceiras opiniões… Mas, até que ponto esse silêncio deixa de ser agradável e torna-se um silêncio aterrorizante e sepulcral?

 “Segundo Aristóteles, o homem é um ser carente, sempre buscará a vida coletiva. Carente de alguma coisa que o leve a desejar e carente de alguém que o leve a se associar. A carência denota uma incompletude humana. O homem tem sempre necessidade de um outro semelhante a ele e tão imperfeito quanto ele. Ele se associa para alcançar uma vida perfeita e auto-suficiente. Um ser que não sentisse a necessidade de associar-se seria um deus ou um animal. Os deuses  não fazem política porque são perfeitos, já os animais não fazem porque não pensam, nem falam.”

Sinopse

Zac Hobson (Bruno Lawrence), é um cientista de meia idade que vive na Nova Zelândia, um dia acorda na cama de um hotel e se vê sozinho no mundo, todos desapareceram de forma misteriosa, seus objetos, carros, casas estão lá, porém, nenhum vulto é visto. Ele procura dia após dia por outras pessoas deixando mensagens de rádio e caminhando pelos lugares desertos, sem encontrar uma alma viva. Refletindo sobre a situação, Zac desconfia que a causa do mistério esteja relacionada com um possível acidente envolvendo um projeto secreto em que estava trabalhando, pesquisava sobre manipulação de uma fonte de energia que envolve o planeta, tratava-se de uma parceria com diversos países que aparentemente causara uma catástrofe de consequências globais. A sanidade mental de Zac vai se esvaindo, e deprimido, passa a agir de modo estranho, discursando para plateias que não existem, portando-se como uma espécie de ditador, atirando a esmo com um rifle, proferindo xingamentos contra igrejas e imagens religiosas. Zac vai se afundando em um frenesi de solidão.

Temos aqui um filme instigante que transforma a quietude em desespero, após assistir a essa ficção científica, é impossível não chegar à conclusão de que os bens materiais que acumulamos ao longo da nossa parca existência, não nos trarão felicidade alguma. Se estamos sozinhos no mundo, aquele carro bacana que você lava na calçada só para mostrar ao vizinho, não tem significado algum…

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Depois dessa filosofia toda, falemos de Terra Tranquila, do diretor Geoff Murphy, rodado na Nova Zelândia em 1985, que é um daqueles filmes pós-apocalípticos onde o protagonista acorda sozinho e não se lembra de nada. A diferença básica dessa produção em relação à dezenas de outras do mesmo gênero, e que a torna tão interessante, é o fator psicológico, que é usado com maestria pelo diretor com o intuito de causar uma sensação aterrorizante, Geoff Murphy usa de forma eficiente um dos maiores temores da humanidade, que é o medo da solidão! Rapidamente nos vemos absortos no mundo silencioso de Zac, e conseguimos mensurar o quão enlouquecedor seria um mundo totalmente desabitado, como tantos outros, sistema solar afora… Quem já morou sozinho, conhece minimamente a situação, e é comum ligar a TV num canal insuportável apenas para ouvir uma voz humana e ter a sensação de companhia.

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O pequeno elenco tem um desempenho espetacular nesse desconhecido filme de ficção científica, cujo final, é digno de aplausos (a imagem deixada pouco antes de subirem os créditos é de arrepiar). É uma daquelas produções para fazer o cinéfilo pensar antes de tirar qualquer conclusão, os filmes dos anos 80 aliás, são riquíssimos em teorias apocalípticas para o fim do século, esse em especial trás algo inovador para o gênero. Veja o trailer:

Título original: The Quiet Earth
Ano: 1985, Genero: Ficção Científica/Drama, Duração: 91 min
Direção: Geoff Murphy
Roteiro: Craig Harrison, Bill Baer, Bruno Lawrence, Sam Pillsbury
Elenco: Bruno Lawrence, Alison Routledge, Pete Smith, Anzac Wallace, Norman Fletcher, Tom Hyde

Infelizmente, como muitas produções da época sem grande apelo comercial, é dificílimo de se encontrar no mercado, o jeito é tentar um torrent enquanto não lançam o Blu-Ray, é um filme imperdível para os fãs de ficção científica, fica aí a dica pessoal!

Até a próxima! 

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