Análise | Ben 10: O Apogeu (Parte 2)

Continuando com a 2ª Parte da nossa análise de Ben 10, vamos dar uma olhada nas duas séries subsequentes. A começar com “Ben 10: Força Alienígena”, exibida no Cartoon entre 2008 e 2010, com um total de 46 episódios divididos em 3 temporadas. É de salientar que a produção da série teve envolvimento de Glen Murakami (grande responsável pela animação dos Jovens Titãs – a antiga) e Dwayne McDuffie (ninguém menos que o criador do Super-Choque e um dos principais roteiristas de Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites).

Ben 10: Força Alienígena trouxe uma nova proposta para o herói. Cinco anos se passaram desde o final da série anterior, e Ben aposentou o Omnitrix, levando a vida como um adolescente normal. No entanto, ele acaba voltando à ativa devido à iminente invasão dos Soberanos, uma raça alienígena que se diz “perfeita” e pretende subjugar todas as formas de vida que consideram inferiores. Para enfrentar a nova ameaça, Ben recebe uma versão atualizada do Omnitrix, com novos recursos e um leque de 10 alienígenas diferentes.

“Hum… até que foi uma boa ideia colocar uma jaqueta”

Força Alienígena possui um tom mais sério e sombrio nas duas primeiras temporadas, para acompanhar o amadurecimento dos personagens, principalmente de Ben e Gwen. Há uma certa sensação de perigo e de urgência durante toda a trama, o que é acentuado pela paleta de cor escura – a maioria dos episódios se passa durante a noite, inclusive – e pela trilha sonora épica. Temos até algumas mortes acontecendo fora da tela, mostrando que os vilões não estão mais para brincadeira.

Para acentuar ainda mais essa mudança, o vô Max deixa o núcleo de protagonistas, dando lugar a Kevin Levin, importante vilão na série anterior, agora um contrabandista de armas extraterrestres que resolve ajudar a combater os Soberanos para proteger seus próprios negócios – e também se aproximar de Gwen. O trio passa a integrar a organização dos Encanadores, uma espécie de “Homens de Preto” desse universo, investigando ocorrências alienígenas e focos de atividade dos Soberanos, com um misto de camaradagem e desconfiança entre eles.

Aliados e inimigos antigos reaparecem com visuais modificados, bem como novos personagens surgem. O novo Omnitrix agora permite a Ben trocar de herói durante a transformação, mas por outro lado, ele mantém seus ferimentos quando volta ao normal (embora isso nunca tenha sido bem explorado). Além disso, Ben, por algum motivo, adquire o hábito de pronunciar o nome do ET quando se transforma – o que é bem coisa de anime, diga-se de passagem.

Na terceira temporada, contudo, o tom da série muda drasticamente, assumindo uma pegada mais leve e descontraída, que destoa bastante do que vinha sendo construído até então. Agora, o vilão é novamente Vilgax, que retorna dos confins do espaço mais poderoso do que nunca, e disposto a se vingar de Ben e companhia. Os episódios têm enredos mais bem-humorados e fantasiosos, deixando de lado o estilo suspense sci-fi de antes. Ben e Gwen voltam a ser um pouco mais imaturos, com personalidades exageradas, lembrando suas contrapartes infantis, o que não me agradou muito. Principalmente com Ben, que fica extremamente arrogante devido ao reconhecimento que passa a receber.

Com o término de Força Alienígena, uma nova série teve início, entre os anos de 2010 até 2012, agora intitulada “Ben 10: Supremacia Alienígena”, que é uma sequência direta dos eventos da série anterior. Durou 3 temporadas também, com 52 episódios, e novamente ficou sob a responsabilidade de Dwayne McDuffie.

Ben agora possui o novo Super Omnitrix (ou Ultimatrix, em inglês), uma versão melhorada do original, com o qual ele pode se transformar em muito mais do que 10 alienígenas e também fazê-los evoluir para suas formas “supremas”, que são bem mais poderosas. O inimigo da vez é Aggregor, que planeja capturar cinco alienígenas com habilidades especiais para obter uma fonte de poder ilimitada. Para piorar a situação, a identidade heroica de Ben é revelada para o mundo (não que ele fizesse muita questão de escondê-la antes, mas enfim), colocando-o na berlinda da mídia e do público.

“Sr. Ben 10, o que tem a dizer sobre o reboot deste ano??”

A série continua com a mesma pegada da terceira temporada de Força Alienígena, com enredos mais leves e os personagens mais exagerados. A história, no entanto, é mais coesa, pois a primeira temporada é um grande arco único com diversos episódios. Ben e Kevin são melhor desenvolvidos também, especialmente este último, expondo seu passado, sua família e a natureza de seus poderes. Os melhores episódios são os focados nele.

Um fator que me incomodou na primeira temporada de Supremacia é sua inconstância. O tom muda de um episódio para outro, tendo momentos bem sérios e sombrios – inclusive sugerindo mortes de personagens e violência gráfica – intercalados com episódios de pura galhofa. Creio que isso se deva à rotatividade de roteiristas, cada um com seu estilo próprio de contar histórias. A questão dos aliens supremos, que seria o grande atrativo da série, também é deixada de lado do meio para o final, o que é uma pena.

A segunda temporada retoma um pouco do clima sombrio, com alguns episódios mais sérios e menos zoeiras. Os inimigos principais são os Cavaleiros Eternos, velhos conhecidos da série que nunca representaram grande ameaça, mas agora pretendem eliminar Ben de uma vez por todas. É uma espécie de culto que existe desde a Idade Média, cujo objetivo é manter uma linha de defesa contra invasões alienígenas na Terra. O grupo se subdivide em diversas facções, algumas mais brandas, outras mais radicais.

Enfim, Força Alienígena começou sombria e densa, para acompanhar o amadurecimento dos personagens e de seus próprios espectadores, o que foi uma mudança bem interessante. Contudo, no meio do caminho decidiu seguir um estilo mais descontraído, talvez para agradar os fãs da série anterior, mas ainda assim manteve um bom nível de qualidade. Supremacia Alienígena continuou com o trabalho de excelência, possuindo alguns altos e baixos, principalmente na questão de roteiros, mas ainda assim, foi uma série competente. Força Alienígena rendeu também um filme live-action, “Ben 10: Invasão Alienígena”, que é levemente superior a “Corrida contra o Tempo”. Inclusive, é interessante notar que Supremacia faz referências aos filmes em alguns episódios, mostrando que eles são, sim, canônicos.

Bom, acho que nem preciso dizer que esse cara é o vilão, né…?

E vocês, o que acharam da análise? Já assistiram às duas versões “teen” de Ben 10? Compartilhe com a gente suas opiniões no espaço logo abaixo. Semana que vem, teremos a última parte da série de análises. Obrigado pela atenção!!

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