Crítica | A Tragédia de Macbeth (2021)

A Tragédia de Macbeth chegará em breve na Apple TV + . Mas em outros países o filme já estreou nos cinemas. E infelizmente está passando despercebido pelo grande público.

Filmado todo preto e branco cru e com uma relação de aspecto que nada tem a ver com o widescreen popular atual, é um filme que conta com silêncios, tomadas de câmera, composição de planos e uma excepcional direção de atores. Por todas estas razões podemos dizer que A Tragédia de Macbeth é um exercício de estilo que se baseia no cinema clássico, e também tem algo do cinema expressionista alemão que focou sua atenção em muito close-ups dos rostos dos protagonistas.

Na história, o general escocês Macbeth, de volta de um grande triunfo no campo de batalha, é persuadido por bruxas de que será rei. A profecia dá asas às suas ambições políticas, estimuladas pelas decisões injustas do monarca a quem serve, mas também pelos seus medos e ansiedades. Incentivado por sua esposa, ele tentará realizar seu plano de tomar o poder à custa de crimes que antes pareciam inimagináveis ​​vendo sua queda em desgraça e uma deriva para a loucura e o infortúnio.

O longa trata de uma narrativa elegante e atemporal, mas também visceral em determinados momentos, que procura se apoiar no plano estilístico, aproveitando-se do máximo do ambiente ao redor. A edição de som e a trilha sonora simples, porém eficiente de Carter Burwell  ajuda a criar um cenário angustiante e perturbador.

O elenco por incrível que pareça, é talvez o aspecto mais problemático e desequilibrado do filme. Ninguém duvida do talento de Denzel Washington, ele está incrível no filme , mas infelizmente não tem química com Frances McDormand. Mas que ainda assim soube trazer seu brilho no papel de sua esposa Lady Macbeth. Os coadjuvantes também variam, Ralph Ineson e Brendan Gleeson tem seus valores em cena mas nada memorável. Já Kathryn Hunter e sua tripla interpretação das bruxas enigmáticas, simplesmente foi fenomenal, rouba a cena com a incursão do fantástico das personagens fantasmagóricos que ela dá vida.

Para muitos pode ser estranho ter tanta diversidade no elenco, mas devo lembrar que não é uma historia biográfica e real, que precisa ter todos os seus devidos códigos, representados como tal. É uma fantasia e bastante teatral, que pode não agradar a todos.

A Tragédia de Macbeth é um presente cinematográfico, é um  exercício vigoroso de estilo que atinge níveis muito altos na encenação, fotografia, enquadramento e direção de atores. Ele vai lançar um feitiço sobre o público que é receptivo à narração lenta e visuais que lembram os do diretor Ingmar Bergman.

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